Na Tração.Online, atendemos empreendedores e startups que estão em busca de crescimento sustentável — o que chamamos de “growth” — para seus projetos. Nesse caminho, trabalhamos juntos com os clientes em diversas cidades, conectando pessoas de diversas áreas profissionais do nosso time e do time de cada projeto que estamos desenvolvendo.
Há cerca de dois anos funcionamos de forma principalmente remota. Nesse período compreendemos que sem uma estrutura que flexibiliza o lugar de onde trabalhamos teríamos dificuldade de viabilizar nossa operação. Seria praticamente impossível financiar a realocação do time a cada novo projeto, sem falar no transtorno que geraríamos com familiares e outros fatores importantes.
Neste artigo busco resumir o que vem se mostrando fundamental para evoluirmos de forma coordenada a partir de um time distribuído remotamente em cidades e fusos diferentes enquanto executamos experimentos e processos de growth.
Base da nossa operação remota de growth
Pessoas
O time que desempenha qualquer função remota precisa ter facilidade de priorizar seus esforços e tomar decisões de forma autônoma. Isso é crucial pois, ao desenvolver modelos de growth, o cenário pode ser complexo e sem respostas fáceis. Especialmente em cenários onde o product-market/fit (ajuste produto/mercado) não está minimamente consolidado.
É necessário também envolver um time com perspectiva estratégica. Contudo, a capacidade de traduzir a visão em ações práticas e em experimentos viáveis e reais não é menos importante. Essa dupla condição nos leva — geralmente — a preferir projetos onde os founders estarão alocados nas atividades de growth.
Tempo
Ter tempo disponível parece óbvio, mas não é. É essencial definir e alocar agenda para acompanhar atividades, discutir caminhos, priorizar opções, executar experimentos, avaliar e organizar aprendizagens... O que pode parecer um pouco confuso se não bem controlado. Isso serve para todas as pessoas envolvidas no time remoto.
Com um modelo de growth buscamos basicamente ganhar tempo. Queremos aprender a como chegar no nosso objetivo o mais rápido possível. Então o tempo é levado muito a sério. Precisamos cuidar dele e usá-lo da forma mais produtiva possível. Saiba que ter um time remoto não quer dizer que não há estimativa do horário de trabalho, ok?
Foco
Processos de growth geralmente permeiam decisões difíceis, dados sensíveis e profissionais de várias frentes do negócio. Para rodá-los, é preciso um time engajado no objetivo. Todo contexto de comunicação e condução do trabalho remoto se torna bem complicado se não houver um forte comprometimento do time.
Além disso, é comum que times sejam alterados e compartilhamentos de informações entre “silos de informação” sejam necessários. Outras mudanças culturais também acabam emergindo como resultado do processo de experimentação. E como você pode imaginar, isso pode gerar atritos. Logo, o patrocínio por parte dos principais líderes — mais um motivo para os founders estarem no barco — se torna ainda mais importante.
Operação remota de growth
O “como” que conduz ao resultado.
Sprints
Adaptado do modelo SCRUM — sem nenhuma pretensão de seguir a metodologia agile 100% — organizamos nossas entregas em ciclos de 15 dias. Toda abertura de sprint é documentada e aprovada pelo time, passando pelos pontos abaixo:
- Feedback dos últimos 15 dias.
- Visão de médio prazo (Northstar Metric, OMTM, OKR…).
- Mapeamento dos experimentos e/ou principais ações que irão ser desenvolvidas nas próximas duas semanas.
- Cronograma estimado.
- Dailys
15 minutos. Todo dia. Todo o time. Seja por onde for, de onde for, falamos rapidamente pra manter todo mundo no mesmo barco. Se algo não funcionou ou não avançou, não tem problema. Se surgiu alguma novidade boa, melhor ainda. Mas já notamos que muito da velocidade de entrega e capacidade de cumprir o sprint está relacionada com o acontecimento das dailys.
São nelas que todos ficam sabendo do que está ou não rolando. Aqui na Tração elas são tão importantes que gravamos a call e mandamos reports diários via e-mail com resumos para quem eventualmente não pode participar. Isso nos ajuda inclusive a manter outros stakeholders, que não estão executando no time, por dentro das ações de growth.
Async
Asynchronous, no “brasileiro”: sem reunião. No ambiente remoto — assim como no ambiente tradicional — reunir todos a todo momento e para qualquer coisa é geralmente ineficiente. É desgastante e, mesmo que possível, pode atrapalhar mais do que ajudar, minando a execução do cronograma e a capacidade de entrega do time.
Claro, nem todas as tarefas podem ser feitas dessa forma: uma pessoa avança o possível e outra continua a partir daí. Mas algumas tarefas se não forem desdobradas para habilitar esse formato, podem se tornar bem mais demoradas que poderiam ser. Sem falar que o trabalho assíncrono pode tornar-se obrigatório quando mais de um fuso está no contexto do time.
Método
Sem ele não seríamos nada e provavelmente nos perderíamos na complexidade ou em meio a priorização de atividades. Após diversas experiências, temos consolidado aprendizagens e cristalizando um método de trabalho. Hoje o chamamos de “Growth Path” e tem até um vídeo em que o Gui (fundador da Tração) explica ele com mais detalhes, vale conferir!
Mas para resumir, nele conseguimos organizar o que precisa ser desenvolvido antes das demais etapas. Nos ajuda a olhar para qualquer cenário que envolva canais, conversões, funis, vendas e outros, além de mapear o que precisa ser feito. O growth path também serve para explicar como é possível criar um processo preditivo de entrega e captura de valor do mercado e quais as etapas necessárias para chegar lá.
FMV: As ferramentas mínimas viáveis*
Sem elas, não há boa vontade que resolva.
Comunicação
Em qualquer time a comunicação é decisiva. Em um ambiente remoto então, ela se torna o cerne da operação. Para conseguir rodar os processos — listamos eles ali em cima — de forma remota, não abrimos mão de ferramentas para:
- Chat em grupo ou individual.
- Ex.: Slack, WhatsApp, Telegram…
- Conferência com vídeo com compartilhamento de tela.
- Ex.: Google Meet, Zoom, Appear…
- Celular/Telefone para quando a internet não ajuda.
Produção
Como “produção” quero dizer principalmente a criação de entregáveis para o time e demais stakeholders. Sendo assim, são ferramentas que organizam as aprendizagens e apresentam os resultados obtidos, dentre elas:
- Formatação de Textos e Documentos.
- Ex.: Google Docs, Dropbox Paper, Atlassian Confluence…
- Criação de Diagramas e Murais.
- Ex.: Google Drawings, Draw.io, Mural.ly…
- Criação de Apresentações e Infográficos.
- Ex.: Google Slides, Prezi, Canva…
- Gerenciamento de Ações e Entregas.
- Ex.: Trello, Basecamp, Asana…
Análise
Tratando-se de growth, dados são relevantes e normalmente fundamentais. Além da demanda de estruturar e correlacionar informações que vão sendo acumuladas. Inclusive relacionada à priorização de experimentos. Para isso, algumas ferramentas são bem relevantes:
- Análise Básica de Dados e Informações.
- Ex.: Google Spreadsheets, Zoho Sheet, Google Data Studio…
- Analytics e Monitoramento de Métricas.
- Ex.: Mixpanel, Google Analytics, Woopra, Klipfolio…
- Gestão de Experimentos.
- Ex.: Growth Hackers Northstar, Pipefy, Javelin…
* Cada time deve encontrar as ferramentas que melhor satisfazem suas necessidades e formas de trabalho. Essas que listamos são apenas opções que já usamos em algum momento.
DISCLAIMER:
Nossa forma de fazer growth com times remotos deve mudar, estamos sempre aprendendo, descobrindo melhores formas de adaptar o formato e caminho com a realidade de cada desafio.
Muito obrigado por ler esse artigo! Será ótimo conhecer sua percepção e/ou poder contribuir quanto a quaisquer dúvidas que tenham surgido, por favor fique a vontade para comentar.